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Achei que queria ser professora de inglês… - Lívia Leote Leite

  • Foto do escritor: Ingrid Frank
    Ingrid Frank
  • 11 de dez. de 2024
  • 4 min de leitura

Antes de fazer o primeiro e o segundo estágio de inglês, achava que queria ser professora. Durante o período que estagiei, no entanto, tudo mudou: parei de achar que queria ser teacher… Comecei a ter certeza.

Assim, preciso mencionar uma conversa que tivemos em uma aula. Contextualizando: fiz meus dois estágios com a mesma turma, que era um nono ano. O projeto que trabalhei no segundo estágio foi um intermédio para ensinar o tempo verbal do futuro em inglês e, ainda instigar os alunos a pensar e planejar a vida e o futuro. Em uma dessas aulas, surgiu uma discussão sobre ser professor. Conversa vai econversa vem, um aluno (que planejava comprar o Grêmio) falou que professor não ganhava tão bem assim. O comentário desse aluno foi quase num tom de preocupação, tipo “teacher, tem certeza que quer isso?”. Falamos pra ele que na verdade existem várias oportunidades bacanas para professores de inglês e coisa e tal. Mas dali fiquei pensando: realmente, ser professor não vai me remunerar tanto quanto se eu fosse dona do Grêmio. Mas, não romantizando a profissão, se esse aluno soubesse o quão interessante e curioso foi ministrar aquelas aulas, o quão feliz eu ficava quando eles entendiam o assunto ou simplesmente quando escutava um “teacher Lívia!”… Talvez ele repensasse sobre a compra do tricolor.

Como disse, observar o processo de aprendizagem dos alunos durante as aulas é recompensador, bem como ver aquela aluna que começou o ano odiando a disciplina, terminar o trimestre com outra ideia, fazendo trabalhos maravilhosos e sendo super dedicada… ou perceber que

alguma coisinha (conteúdo programático ou não) gerou uma baita reflexão para os alunos… Essas coisas, somadas a tantos outros detalhes, fazem a docência ser algo tão especial e que vale e nos ensina tanto.

Embora ambos estágios tenham sido muito enriquecedores e divertidos, foi no primeiro que senti mais dificuldades. Planejava as aulas pensando que tudo tinha que ser PERFEITO e foi nesse primeiro momento que descobri que Fernando Pessoa dizia certo quando escreveu que o perfeito é desumano porque o humano é imperfeito — e tá tudo bem.

Como li em um outro testimonial aqui, os alunos estão vivos e, com isso, quero dizer que em algumas aulas eles estarão mais engajados, outras menos, às vezes vão amar o que o professor propôs e às vezes vão estar querendo outra coisa… cada dia é um dia e isso é normal porque somos seres humanos. Além disso, enquanto professores em formação, temos muito o que aprender e a nossa aula de amanhã sempre vai ser melhor do que a de ontem.

No fim do meu primeiro estágio, os alunos tinham que apresentar um panfleto para promoção da adoção de animais, o que era o produto final do projeto que chamei de Pet Adoption, em que eles aprenderam vocabulários relacionados à temática e os verbos modais. Como íamos distribuir e apresentar o panfleto para três turmas diferentes, para separar quem ia em qual turma, achei justo sortear os nomes. Sorteio feito, alunos insatisfeitos: ninguém tinha caído no grupo que queria. Pediram para reorganizar os grupos. Eu, presa ao meu planejamento, não sabia se atendia aos meus queridos alunos, que eu realmente queria que ficassem contentes apresentando os seus trabalhos, ou se seguia

“fiel” a minha organização. Fui pela primeira opção e… deu tudo certo, todo mundo ficou feliz. Foi nesse dia, inclusive, que me lembrei da minha professora orientadora falando que também não podemos ser tão control freaks assim e que, às vezes, temos que ouvir nossos instintos e ou trocar a rota — como no dia em que planejei um handout e um jogo, mas os alunos queriam muito ir para o pátio… nesse momento, foi pensar rápido e adaptar o jogo para ser feito ao ar livre, porque assim funcionaria muito melhor.

Na faculdade, em meio a disciplinas super teóricas, aprendemos sobre a nossa área, sobre planejamento, sobre o papel do ensino de inglês como língua estrangeira etc. Tudo isso é fundamental, a base para exercermos a docência. Mas é só na sala aula de verdade, quando estamos nós, a aula que planejamos, a aula de fato (pois são coisas slightly different) e os alunos, que aprendemos sobre gestão, flexibilidade e adaptação, e sobre, de fato, como na realidade cada aluno sempre vai agir, pensar e SER de um jeito diferente (enquanto uma aluna planejava comprar um Porsche 911 rosa e outro queria comprar o Grêmio, tinha aluno falando em ser percussionista, dentista e jogador de futebol).

E falando em particularidades, não posso terminar este texto sem citar outros aspectos que foram cruciais para que, durante essa experiência de quase um ano, eu tivesse certeza da profissão que escolhi. A começar pelo Pixel 90 do ano de 2024, que foi a turma que me acolheu (porque, lembrando, eu voltei para fazer o segundo estágio com eles!): em geral, a turma era muito participativa, dedicada e divertida. Além disso, a professora Ingrid Frank, com uma didática incrível, que eu espero ter um dia, foi sempre muito querida e solícita. Primeiro, aprendi muito observando suas aulas. Depois, aprendi muito com as dicas que ela me dava a priori e os feedbacks e comentários dados ao fim de cada aula e quando necessário, durante — e aqui também tenho que citar o

Matheus, monitor atento e prestativo, que também fez parte desse processo.

Retomando o título deste relato, achei que queria ser professora de inglês e tive o privilégio de confirmar isso durante meus dois estágios. Olhando pra trás, da mesma maneira que é muito gratificante poder perceber que os alunos aprenderam algo nas nossas aulas, é muito legal também perceber o quanto eu aprendi com essa experiência e com essas pessoas maravilhosas.




ree

 
 
 

1 comentário


Ingrid Frank
Ingrid Frank
17 de out.

Olá

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